MONTANDO UM AQUÁRIO DE CICLÍDEOS AFRICANOS.

A montagem de um sistema para ciclídeos africanos é relativamente simples e requer alguns requisitos importantes.
Devemos ter em mente que, como todo aquário, necessita de um bom sistema de filtragem, trocas parciais de água e um controle de aquecimento que varie no máximo 2 graus durante as 24 horas do dia.
Imagine os mais variados aquários possíveis, pois não estamos falando apenas de peixes dos grandes lagos do “Rift Valley”, envolvem também peixes dos rios de toda a África ocidental, de outros lagos como o Barombi mbo e os Ciclídeos da ilha de Madagascar.
Esses aquários podem ter os mais variados parâmetros que se pode imaginar, desde águas negras com pH de 5,5 a água salobra com ph acima de 8,6.
Aquários para peixes dos grandes lagos do Rift Valley.
É errado pensar que todos os aquários para ciclídeos são iguais!
Para um mesmo tanque pode-se montar varias configurações dependendo das espécies envolvidas, esses aquários se dividem da seguinte forma:

Malawi Mbunas:
Aquários para o grupo Mbuna, peixes que habitam regiões rochosas e precisam de tocas para abrigo e demarcação de territórios.

Malawi Haps:
Para Haplocromideos do lago Malawi, esse tipo de aquário não necessita de muitas rochas, pois são para peixes de águas mais abertas, somente algumas rochas para refugio em caso de brigas.

Malawi espécies:
Aquário com os três grupos de peixes existentes no lago Malawi (Mbunas, Haps e aulonocaras).

Tanganika espécies:
Aquário para todos os grupos do Tanganika misturados.

Tanganika Shell dwellers:
Aquário para peixes moradores de conchas!

Aquario comunitario de Ciclídeos Africanos:
Aquários com espécies dos dois ou três lagos juntas.
Essa mistura deve ser bem pensada, pois dependendo das espécies podem ocorrer muitas brigas!
Definir o tipo de aquário e quais espécies vão conviver, para ter a idéia do tamanho e equipamento necessário para a montagem.
Uma regra geralmente é usada como referência:
Dois litros de água para cada centímetro de peixe.
Leve em consideração o tamanho que o peixe vai atingir na fase adulta, muitos pensam que o peixe cresce conforme o tamanho do aquário, errado!
Os Ciclídeos Africanos tem um crescimento rápido e em quatro meses dobram de tamanho, se mal planejado você terá que trocar de aquário por causa do tamanho dos peixes e brigas que resultam na perda de exemplares.
Tamanho do aquário!
O maior aquário que tiver condições de comprar, mas sempre acima de 100 litros, com um aquário maior fica mais fácil manter os parâmetros do sistema.
Equipamentos básicos:São os mesmos que os dos outros tipos de aquários, aquecedor com termostato, termômetro para monitorar a temperatura, testes de pH, gH e kH, condicionadores de água para remover o cloro da água, etc.
Existem diversos substratos que podem ser usados em aquários de Ciclídeos Africanos, seu preço pode variar muito em função da qualidade e tamponamento.

Dolomita:
Essa é a opção mais barata, cascalho de cor branca encontrado em vários tamanhos de grãos, têm diversas desvantagens, perde o poder de tamponamento com o tempo, e dependendo a espessura prende muita sujeira.

Concha moída:
Tem as mesmas propriedades e desvantagens da dolomita.

Halimeda:
É o esqueleto das algas Halimeda sps, tem a aparência de flocos de aveia, tem um ótimo tamponamento pelo fato de se dissolver lentamente, liberando carbonatos.

Aragonita:
Um mineral com altíssimo poder de tamponamento e uma bonita aparência, demoram anos ate perder seu poder de tamponamento.

Areia de praia:
No momento esta em alta se usar areia de praia na montagem de aquários de Ciclídeos Africanos, ela da uma aparência natural ao aquário, e bem próxima a encontrada nos lagos do Rift.Tem a desvantagem de ser neutra , o que não é interessante a esse tipo de aquário, para resolver esse problema podemos colocar uma camada de Halimeda ou Aragonita na parte inferior, cobrir com uma tela de nylon fina e cobrir com areia de praia, outra solução é o uso de grandes quantidades de rochas calcarias.

Esses substratos devem ter a altura mínima de 8 centímetros em aquários de até 120 litros e 12 centímetros para volumes acima disso.

Os ciclídeos do Lago Malawi são pertencentes a dois grupos distintos:

Mbuna:
Que habitam a parte rochosa do lago.
São menores, mais ativos e agressivos.
Usualmente herbívoros, alimentando-se basicamente de algas que crescem nas rochas e pequenos crustáceos.

Non-Mbuna:
Todos os outros.
Menos agressivos principalmente porque seus territórios não são tão pertos entre si e são menos definidos.
São maiores e em sua maioria são onívoros.
Alimentando-se de alevinos, pequenos invertebrados, plâncton e etc.

Parametros:

Temperatura entre 24-29°C.
O ideal seria mantermos a temperatura entre 26-27°C.
Temperaturas mais altas aceleram o metabolismo e conseqüentemente o apetite, aumentando a agressividade.
Quanto mais alta a temperatura menor a taxa de oxigênio dissolvido na água.
Em duas situações seria interessante aumentar a temperatura até o ponto (29-30°C)
Para promover a desova, ou aumentar o apetite e conseqüentemente o crescimento dos peixes, principalmente dos alevinos.

Amônia - Nitritos - Nitratos:
Todos os peixes em geral são sensíveis à amônia, mas ela é mais tóxica para os ciclídeos.
A amônia em um pH alcalino é muito mais tóxica do que num pH neutro.

Lagos:
Victoria: pH 7.2 a 8.6
Malawi: pH 7.4 a 8.6
Tanganyika:pH 7.8 a 9.0
Valores aproximados, e variam naturalmente em diferentes épocas do ano.

KH:
Refere-se ao grau de dissolução de carbonatos e bicarbonatos na água.
Quanto maior o grau, mais dura é a água.
É o responsável pelo tamponamento, que é a capacidade de manter o pH estável.
A água dos Rift Lakes contém muito carbonato dissolvido, deixando o KH entre 8 a 10.

GH:
Refere-se à concentração geral, principalmente de magnésio e cálcio dissolvidos na água.
A relação entre GH e pH é muito pequena, mas é importante para algumas espécies de plantas e peixes.
Nos Rift Lakes, a água contém alta concentração de magnésio, deixando o GH entre 10 e 12.

Salinidade:
A água dos Rift Lakes possui alto grau de sais dissolvidos, mas não do sal comum!
É um comum achar que a água dos ciclídeos africanos é salobra.
Para suprir a água do tanque de potássio e elementos traços, utilize 1 colher de sal próprio para ciclídeos africanos (não iodado).
O sal de cozinha (NaCl) só é recomendado sob condições particulares, como controle de bactérias.

Filtragem:
Trocas freqüentes tornam-se obrigatórias, fazendo com que os peixes permaneçam saudáveis e tenham suas cores realçadas.
Pelo menos de 20 a 30% da água deve ser trocada semanalmente.
Ciclídeos africanos comem muito, produzindo muitos dejetos que acumulam-se rapidamente no aquário.
Toda a sujeira deve ser removida pela filtragem, quanto mais forte for melhor.

Recomendo o sistema “Dry-Wet”, ou um filtro externo, com capacidade adequada ao volume de água de seu aquário!
Usando o sistema “Dry-Wet”, estas trocas não serão necessárias.

Dicromatismo:
Normalmente o macho é maior e possui coloração mais vistosa que a fêmea.
Mas enquanto alevinos, todos possuem coloração de fêmeas, sendo impossível distinguir o sexo pela cor.
Somente quando jovens, ou mesmo adultos em algumas espécies.
Em algumas situações, entretanto, um macho adulto poderá ficar da cor da fêmea.
Por exemplo, quando um macho não dominante está sendo seguidamente molestado, atacado pelo dominante, ele pode adquirir coloração de fêmea, camuflando-se como proteção.
O modo correto de distinguir o sexo é verificando os canais genitais, que nas fêmeas são maiores e mais arredondados.

Tamanho do aquário:
O volume mínimo adequado para a criação significativa de ciclídeos africanos seria de aproximadamente 200 litros (100 cm x 50 cm x 40 cm).
Em todos os casos a proporção ideal é de 15 a 20 litros para cada peixe.
Deve-se dar preferência à largura do aquário, 10 cm a mais na largura fara uma grande diferença na demarcação de território.

Iluminação:
Não necessita ser forte.
Devemos dar preferência às lâmpadas que realçam as cores naturais dos exemplares.
Pedras e rochas, em quantidade apropriada para simular o ambiente natural dos Rift Lakes habitado pela maioria das espécies escolhidas para o aquário.
As tocas servem de abrigo e como "ninho" para reprodução, elas serão ocupadas e se tornarão territórios defendidos agressivamente.
As rochas, cobertas de algas, servem de fonte de alimento para os herbívoros.
A agressividade está ligada à quantidade de tocas, uma vez que quanto menos tocas, mais disputa por elas.
Agressividade quase todas as espécies são territoriais e intolerantes.
Às vezes a agressão do macho é diretamente contra algum peixe de coloração semelhante.

Essa agressividade torna possível compreendermos a "hierarquia social".

Ciclídeos africanos formam uma hierarquia social, que funciona tanto inter quanto intra espécies.
Assim, um macho é o peixe dominante do aquário, tendo o comportamento mais agressivo, perseguindo todos que se aproximarem.
Entre as espécies haverá um macho dominante, que não tolerará nenhum outro macho de sua espécie no aquário.
O dominante acabará matando todos os outros machos de sua espécie no aquário.
A hierarquia é melhor observada quando não há atividade de desova no aquário.
A agressividade dos ciclídeos está ligada basicamente a dois fatores:
Sexo e comida.
Para tentar controlar a agressividade, devemos manter o número de machos bem menor que o de fêmeas, criando "haréns" e montar as rochas formando muitas tocas de duas a três, para cada macho, assim podemos diminuir a disputa.
A adição de alguns peixes rápidos de superfície, (ex dânios), ajuda a dispersar a agressividade.

Introdução de novos peixes:
Ao introduzirmos os peixes no tanque recém montado, devemos evitar colocar os mais agressivos primeiro.
Para evitarmos algum problema, devemos coloca - los durante a alimentação, podendo apagar as luzes, para que o novo habitante possa encontrar algum abrigo.
Um novo habitante será perseguido praticamente caçado durante as primeiras semanas e não revidará, checando a hierarquia social do grupo.
Quando estiver adaptado, começará a desafiar os que se encontram na base da pirâmide.

Reprodução Sendo todos ovíparos, as fêmeas desovam, e os machos fecundam em seguida.
As fêmeas carregarão os ovos fertilizados em sua boca e os incubarão.
As larvas chocarão após 19 dias em média.
Quando os alevinos alcançarem cerca de 1 cm, estarão aptos a alimentar-se e a nadar livremente.

Stripping Fry:
Técnica de retirar manualmente os alevinos da boca da mãe.
Coisa que eu não recomendo, o melhor é deixar a natureza seguir seu curço!

Crescimento dos Alevinos:
Para um crescimento saudável e eficaz, as trocas parciais deverão ser mais freqüentes e a quantidade de proteína animal deve ser maior que a vegetal.
A temperatura deve ficar entre 28-29°C para aumentar o metabolismo e o apetite.